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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Reposição florestal em debate em Minas Gerais




Norma a ser assinada pelo governador Anastasia permite substituir vegetação nativa por eucalipto
A proposta de Decreto apresentada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) na reunião da Câmara de Atividades Agrosilvopastoris do Copam, no último dia 7, deixou os ambientalistas mineiros apreensivos. O decreto, em seu artigo primeiro, permite substituição de vegetação nativa por florestas homogêneas como a de eucalipto, por exemplo. Somente a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaemg) discordou do artigo, que no entanto foi aprovado pelos demais membros da Câmara, incluindo as secretarias de governo presentes.

Em ofício enviado logo em seguida ao governador Antônio Anastasia, a Frente Ambientalista Mineira solicita que o artigo seja mudado. Para as entidades, ao mesmo tempo em que o governo acena com a construção e implantação de Plano de Proteção da Biodiversidade, propõe legalizar ainda mais o desmatamento no Estado, justamente nas áreas consideradas prioritárias para proteção da mesma. A Frente é formada por 16 entidades, entre elas a Fundação Relictos, de Ipatinga, e a Amda, de Belo Horizonte.
Os ambientalistas argumentam que mais de 90% dos novos plantios acontecem ou estão sendo planejados nas regiões Norte-Noroeste, onde restam ainda grandes extensões de cerrado, uma pequena área ainda muito rica de Mata Seca e até resquícios de Mata Atlântica. O artigo que permite a substituição tem a curiosa redação de dizer que as empresas podem desmatar, desde que respeitem reservas legais e áreas de proteção permanentes.

No ofício, a Frente ressalta que as entidades não são contra plantio de florestas de produção de eucalipto e outras culturas, mas consideram incoerente e despropositado que o governo publique um decreto que estimule ou autorize desmatamento para expansão de cultivos. Para elas, independente do que dizem as estatísticas oficiais sobre a cobertura vegetal remanescente, a realidade é que o Estado possui extensa área subutilizada ou abandonada que permite expansão de cultivos sem necessidade de novas supressões.
Para se ter ideia do estrago já feito, de março a novembro de 2011, apenas por meio do Copas – Conselho Paritário do IEF, foi autorizada supressão de 22.000 ha de vegetação nativa nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Esse total não inclui desmatamentos oriundos de processos licenciados e clandestinos.

Além da Relictos e da Amda, fazem parte da Frente Ambientalista as entidades Anga - Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro, Associação Amigos de Iracambi, Ceco - Centro de Estudos Ecológicos e Educação Ambiental, Centro de Estudos Ambiente Brasil, Conservação Internacional, Fundação Biodiversita, Instituto Ekos, Instituto Espinhaço, Instituto Hóu para Cidadania, Instituto Terra Brasilis, Movimento Pró Rio Todos os Santos e Mucuri, Movimento Verde de Paracatu – Mover, Valor Natural e Zeladoria do Planeta.
Fonte:JV ONLINE